quinta-feira, 18 de abril de 2013

NÃO PODEMOS DEIXAR MORRER A INDIGNAÇÃO! - "Co ivi oguereco iara" - ESTA TERRA TEM DONO! poesia de Delasnieve Daspet

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19 de abril - DIA DO BRASILEIRO - DIA DO ÍNDIO
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.TRIBUTO A NÍSIO GOMES - CACIQUE GUARANI-KAIOWÁ assassinado em 18 de novembro/2011
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"Co ivi oguereco iara"  -
ESTA TERRA TEM DONO!
Delasnieve Daspet
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É, verdade,
"Co ivi oguereco iara" !
Esta terra tem dono, senhores!
Quando chegaram já estávamos aqui
Praticavamos uma sociedade de iguais,
Propriedade coletiva, cuidando dos  velhos e crianças;
A terra, trabalho de um povo feliz!
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O povo Guarani  é  o símbolo das ruínas vivas,
Gente excluída, pobres, esquecidas, desprezadas,
Que teimam em buscar seu lugar ao sol;
Teimam de buscar suas terras usurpadas;
Teimam pelo reconhecimento de que são seres humanos;
Buscam um emprego digno, uma velhice  decente, infância respeitada,
Teimam em ter a dignidade reconhecida.
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É uma chaga, uma cicatriz antiga, que não foi  curada!
A lança portuguesa e a pistola espanhola e o branco,
herdeiros dos conquistadores,
Interromperam o crescimento deste povo
Que hoje vive em favelas, nos campos, nas fazendas, nas matas, nas cadeias,
Nas ruas, embaixo das pontes, vilas, barracas de lona pretas,
Nas beiras dos rios e estradas.
Onde havia paz, viceja o latifundio;
No lugar da felicidade , escravidão e  exploração;
A fome e  miséira em vez de pão;
No lugar da dignidade a humilhação de mendigar favores
Para sobreviver.
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Sobre os destroços dos guaranis plantaram-se sesmarias,
E  grandes lavouras,
Que fizeram  crescer a injustiça,
A desigualdade, as dores e as mortes...
Valor que impera até hoje!
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Há duzentos e cinquenta anos começaram as mortes,
Primeiro foi o  guarani-missioneiro Sepé Tiaraju...
Tantos outros ficaram pelo caminho,
Aqui em Mato Grosso do Sul lembramos
Marçal de Souza - Tupa-I, Ortiz Lopes, 
Xurete Lopes, os professores Rolindo e Jenivaldo,
e agora o Nísio Gomes Kaiowa  Guarani!
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Pachamama esta encharcada com o sangue dos Guaranis.
Mataram um lutador sorridente, mas não mataram o ideal, a luta,
O espirito de tantos lideres Guaranis continuam vagando pela América,
Com o corpo, as vezes, cambaleante, mas com olhar  firme e fixo,
Enxergando no horizonte a terra sem males,
Onde poderao manifestar  a sua identidade e a sua cultura.
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Que o grito de Nisio Gomes ecoe junto ao coro de outros tantos  guerreiros:
"Vocês não deixem esse lugar.
Cuidem com coragem essa terra.
 Essa terra é nossa.
Ninguém vai tirar vocês...
Cuidem bem de minha neta e de todas as crianças.
 Essa terra deixo na tua mão (Valmir). Guaiviry já é terra indígena”
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"Co ivi oguereco iara"
Assim falou nhanderu Nísio Gomes, agora,
 vento que anda pelas trilhas deixadas pela ausencia...
DD_Campo Grande-MS, 19 de novembro de 2011
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( EM GUARANI - TRADUÇÃO PELO CÔNSUL DO PARAGUAI EM CORUMBÁ-MS )
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Teta Guarani, yvy ape ­ari  yvyporaro  opytava,
 mboriahupe, ñemboykepe, tesaraipe  
Há mamove ndojuhuiva  pytu u, terá  py aguapy.
Hi ante  otopajevy
pe  yvy  ojepe a   vaekue chugui
toje e mandu aharupi  yvypora  há avei,
 mba  apo reka oikova, ikatuara nipo ku itujakuevo opytu umi       
     ha ipy a guapy 
há mitanguerape katu, iñe ame ojerure
tojehecharamo háto ñemomaitei....
Teta Guarani niko ha e,
Aisykaru, jekutu  yma, okuera vê yva
Yvyra akua português mba e, há plomo aku españa reru
há karia ykuera pire moroti, ita yrakuera
omondoho va ekue teta guarani  rekoharory
Teta Guarani, yvy jara va ekue,
Ko aga oiko mamogotyorei, há e ndorekoi opyta hagua,
Oiko ka aguyre, tape rembe yre, ha kuarahy akure mante omaña.
Ysyry saka pira memeteva   imba e vaekue, tape potiete oguata hague,
Ñu ha ka aguy rovyu asy, ko aga oikopa  yvypero saka.
Vy apave  rendaguepe opyta ñeñapyti, há tukumbo hasyva,
Jê upyra  maymavagui, oiko py a nandi há jeiko asy,
 oikovesevero  ko yvy apere, eoñesuvaera, terá oñakaity,terá  ojepomoi.
Teta Guarani oimi haguepe, ko aga  omimbi oga poraita,
Ejesareko hape ,Koga henyhe, há e ndopavei,
Ko ava ogueru  teta guaranime  oheja hagua
Jahechava hina  ñembyahyi ,  teko asy , mba asy há jejuka. 
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"Co ivi oguereco Iara" – Cette terre a un maître !

Poème de Delasnieve Daspet


Oui, c’est vrai,
"Co ivi oguereco Iara" !
Cette terre a un maître, Messieurs !
Quand vous êtes arrivés, nous étions déjà là,
Nous étions une société d'égaux,
Une propriété collective, prenant soin des vieillards et des enfants,
Sur cette terre travaillait un peuple heureux !


Les Guaranis sont le symbole des ruines vivantes,
Des gens exclus, pauvres, oubliés, méprisés,
Qui luttent pour obtenir leur place au soleil,
Qui luttent pour retrouver leur terre usurpée,
Qui luttent pour qu’on leur reconnaisse le statut d’êtres humains,
Qui cherchent un emploi convenable, une vieillesse décente, une enfance respectée
Qui luttent pour se voir reconnaître leur dignité.
 

C'est une blessure, une cicatrice ancienne, jamais soignée !
La lance portugaise, le pistolet espagnol et l’homme blanc,
Héritiers des conquistadors,
Ont interrompu le développement de ce peuple
Qui vit dans des bidonvilles, des champs,
Des fermes, des forêts, dans les chaînes,
Dans les rues, sous les ponts, dans des villages, sous des tentes de toile noire,
Au bord des rivières et des routes.

Là où il y avait la paix prospère maintenant le gros propriétaire,  
À la place du bonheur, l'esclavage et l'exploitation,
La faim et la misère en guise de pain,  
En lieu et place de la dignité, l'humiliation de mendier des faveurs
Pour simplement survivre.


Sur les dépouilles des Guaranis se sont installées des friches
Et des grandes exploitations
Qui ont fait croître l’injustice,
L'inégalité, les douleurs et la mort…
Valeurs qui règnent jusqu'à ce jour !


Il y a 250 ans ont commencé les massacres,
Le premier à tomber fut le Guarani Tiaraju Sepe ...
Beaucoup d'autres sont tombés ensuite,
Ici, dans le Mato Grosso do Sul nous nous rappelons
Marçal de Souza - Tupa-I, Ortiz Lopes, 
Xurete Lopes, les professeurs Rolindo et Jenivaldo,
Et maintenant Nísio Gomes Kaiowa  Guarani !

Pachamama est imbibée du sang des Guaranis.
On a tué un lutteur souriant, mais on n’a pas tué la lutte,
L'esprit de nombreux chefs guaranis continue à parcourir l'Amérique,
Le corps parfois chancelant, mais le regard ferme et droit,
Fixant à l’horizon la terre sans maux,
Où ils pourront manifester leur identité et leur culture.

Que le cri de Nisio Gomes résonne à l’unisson avec le chœur de tant d’autres guerriers :

«  Non, ne quittez pas cet endroit !
Cultivez avec courage cette terre,
Cette terre est à nous,
Personne ne vous l’arrachera...
Prenez bien soin de ma petite-fille et de tous les enfants.
Je laisse cette terre entre tes mains Valmir,
Guaiviry est maintenant une terre indigène »,

« Co ivi oguereco Iara »,

Ainsi a  parlé Nhanderu Nisio Gomes,
À présent ces paroles résonnent dans le vent
Qui souffle sur les traces laissées par l’absence…

Campo Grande-MS, le 19 Novembre, 2011
Traduzido por Athanase Vantchev de Thracy e MArc Galan em 19-04-13  em Paris - França.